PSEUDO-CRÍTICO

O Espectro continua rondando...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

2º Anticurso de Jornalismo

Participei deste primeiro anticurso e foi fantástico. Indico a quem interessa ser jornalista e também para aqueles que quem queira ser mais esclarecido.



2º Anticurso de Jornalismo
Como não enriquecer na profissão

Apoio: Escola da Cidade

objetivo A visão “Caros Amigos” de fazer e pensar o jornalismo. Sobre a exigência de
diploma, a mídia grande, o mito da imparcialidade e do ouvir os dois lados, o manual de redação, o repórter telefônico, a supressão de criatividade, as “fontes”. Aberto a estudantes, profissionais de comunicação e interessados em geral.

método palestra-debate (troca de idéias).

carga horária 16 horas

duração dois finais de semana de março (sábado e domingo)

datas 1º fim de semana 08 e 09 / 2º fim de semana 15 e 16

horários 1ª palestra: 13h às 15h (duas horas) – intervalo de 30 minutos

2ª palestra: das 15h 30 às 17h 30 (duas horas).

total de palestrantes 8

local: Escola da Cidade, Rua General Jardim, 65 - Metrô República - São Paulo/SP
vagas 100

palestrantes: José Arbex Jr., Ferréz, Mylton Severiano, Claudio Tognolli, Sergio Pinto de Almeida, Marcos Zibordi, Georges Bourdoukan, Hamilton O. Souza

valor do curso: 200 reais

contato para inscrição anticurso@carosamigos.com.br ou pelo telefone (11) 3819-0130

cronograma de palestras

sábado 8/3
13h-15h Mylton Severiano
15h30-17h30 José Arbex Jr.

domingo 9/3
13h-15h Claudio Tognolli
15h30-17h30 Hamilton O. de Souza

sábado 15/3
13h-15h Ferréz
15h30-17h30 Sérgio P. Almeida

domingo 16/3
13h-15h Georges Bourdoukan
15h30-17h30 Marcos Zibordi

conheça os palestrantes

MYLTON SEVERIANO
Mylton Severiano é o Editor Executivo da revista Caros Amigos. Jornalista desde criancinha, aos nove publicou no jornal Terra Livre o primeiro texto, sobre as condições em que vivia um casal de camponeses na Fazenda Bonfim, de sua terra natal, Marília. Ali formou-se acordeonista no Conservatório Musical Santa Cecília e concluiu o antigo Científico. Estudou Direito no Largo São Francisco, em São Paulo, curso que abandonou no segundo ano para dedicar-se ao jornalismo, na Folha de S. Paulo. Em 47 anos de carreira, trabalhou nos mais diversos veículos, em jornais, revistas, rádio e tv – Quatro Rodas, Realidade, Jornal da Tarde; TVs Tupi, Cultura, Globo, Record, Abril Vídeo. Participou do nascedouro de publicações como mensário ex-, lançado por Sérgio de Souza e Narciso Kalili; o diário Panorama, de Londrina, norte do Paraná; A Nação, semanário fundado por Tarso de Castro no Rio; Brasil-Extra; Extra Realidade Brasileira, dentre outros. Autor de vários livros, entre eles uma biografia de João XXIII; Um Século de Boa Vida, em parceria com Jorginho Guinle; Se Liga – O livro das drogas, finalista do Prêmio Jabuti de 1998; e Paixão de João Antônio, este pela Editora Casa Amarela, que publica Caros Amigos. Antes de tornar-se Editor Executivo da revista, já estava presente em suas páginas com a coluna Enfermaria, cujo nome explicou assim: “Sempre gostei da expressão - ‘ isso aí é outra enfermaria’. Tem a ver com a constatação: se o jornalismo é isso que a mídia gorda faz, então não sou jornalista, mas enfermo; ou, ao contrário, jornalista
sou eu, e eles, enfermos.”

JOSÉ ARBEX JR.
José Arbex Jr. é editor especial da revista Caros Amigos. É doutor em história social pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Como correspondente da Folha de S.Paulo, cobriu alguns dos eventos internacionais mais importantes da segunda metade do século 20, incluindo a guerra civil na Nicarágua e a queda da ditadura dos Duvalier no Haiti (1986), o processo de transformações da União Soviética (1988-1990), a retirada soviética do Afeganistão (1988), a retirada vietnamita do Cambodja, a Primavera de Pequim e a queda do Muro de Berlim (1989), a Guerra do Golfo (1991), o golpe de Estado de Alberto Fujimori, no Peru (1992). Em março de 2002, visitou a Palestina, como integrante de uma comissão especial do Fórum Social Mundial. O relato da visita está contido no livro Terror e esperança na Palestina (Editora Casa Amarela). Ao longo de sua carreira, Arbex manteve entrevistas exclusivas com Mikhail Gorbatchov, Yasser Arafat, Daniel Ortega, Ahmed Ben Bella, Samir Amin, Hebe de Bonafini, Noam Chomsky, Edward Said, Florestan Fernandes,
Celso Furtado, Milton Santos e outros chefes de Estado, ativistas, militantes e intelectuais. Em 1999 ganhou o Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo, pela reportagem “Terror no Paraná”, publicada por Caros Amigos. Também foi homenageado, em 2001, pelo Grupo Solidário São Domingos; em 2003 ganhou medalha Chico Mendes, oferecida pelo grupo Tortura Nunca Mais, em associação com outras entidades de defesa dos direitos humanos.

CLÁUDIO TOGNOLLI
Claudio Julio Tognolli é professor Titular da ECA-USP e da FMU-Fiam. Tem 44 anos, é jornalista desde os 16 de idade. Doutor em filosofia das ciências e mestre em psicanálise da comunicação, pela USP. Autor de cinco livros. Ganhou prêmios Esso, Jabuti, do Depto de Estado dos EUA e Grande Premio Folha de Jornalismo. Trabalhou em Veja, Folha de S. Paulo, NP, AOL, Rádios CBN, Jovem Pan e Eldorado, sempre como repórter especial. Já fez reportagens em mais de 30 países. É hoje repórterespecial da revista Consultor Jurídico e escreve para as revistas Caros Amigos, Galileu, Galileu Historia, Flash, Rolling Stone e Joyce Pascowitch. Seu quinto livro é sobre investigação: Midia, Máfia e Rock and Roll, pela Editora do Bispo, de Xico Sá e Pinky Wainer. Está terminando seu sexto livro, um romance policial, chamado Balenciaga Torres. É diretor da Abraji, associação brasileira de jornalismo investigativo, e representante do Brasil no International Consortium of Investigative Journalism (www.icij.org). É jurado de jornalismo da Fundacion Nuevo Periodismo Internacional, de Gabriel Garcia Marquez.

HAMILTON OCTAVIO DE SOUZA
Hamilton Octavio de Souza é jornalista profissional desde 1972. Trabalhou na reportagem geral e na reportagem política de O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Editora Abril e na imprensa alternativa, sindical e popular. Em 1974 participou da cobertura jornalística da Revolução dos Cravos, em Portugal. Foi diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo de 1975 a 1978 e um dos criadores do jornal Unidade. Em 1981, recebeu o Prêmio Wladimir Herzog de Direitos Humanos por
reportagem sobre a repressão política no Cone Sul, publicada no jornal Movimento. Foi diretor de Comunicação da Unifeob, de 2001 a 2004. Foi editor da Revista Sem Terra, do MST, de 2001 a 2006. É articulista dos jornais Brasil de Fato, Cantareira, A Palavra Latina, PUCViva e Tribuna (VGS) e da revista Caros Amigos. É professor da PUC-SP desde 1982. Leciona as disciplinas Projetos Experimentais, Técnicas de Reportagem e Sistemas de Comunicação no Brasil. Leciona também nos cursos de especialização
em Jornalismo Político e Jornalismo Social da PUC-SP-Cogeae. Formado em Jornalismo pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), tem curso de especialização na Universidade de Navarra, Espanha. Tem atuado ˆ por meio de artigos, debates e cursos ˆ nas áreas de jornalismo alternativo e popular, ética profissional, crítica da mídia e democratização dos meios de comunicação. É chefe do Departamento de Jornalismo da PUC-SP e diretor da Apropuc.

FERRÉZ
Ferréz é um híbrido de Virgulino Ferreira (Ferre) e Zumbi dos Palmares (Z) e uma homenagem a heróis populares brasileiros. Começou a escrever aos sete anos de idade, acumulando contos, versos, poesias e letras de música. Antes de se dedicar exclusivamente à escrita, trabalhou como balconista, vendedor de vassouras, auxiliar-geral e arquivista. Seu primeiro livro, Fortaleza da Desilusão, foi lançado em 1997,
com patrocínio da empresa onde trabalhava. A notoriedade veio com o lançamento de Capão Pecado que está na terceira edição, lançado em 2000, romance sobre o cotidiano violento do bairro do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, onde vive o escritor. Ligado ao movimento hip hop e fundador da 1DASUL (marca de roupa totalmente feita no bairro) atuou também como cronista na revista Caros Amigos durante 5 anos. É criador do projeto, organizador e editor-chefe da revista Literatura Marginal, publicada
em colaboração com a Caros Amigos. No mesmo ano o autor cria o selo literário L.M. Outros livros são: Manual Prático do Ódio, Ninguém é Inocente em São Paulo (contos) e o infantil Amanhecer Esmeralda, todos pela editora Objetiva. Em sua prosa ágil e seca, composta com doses igualmente fortes de revolta, perplexidade e esperança, Ferréz reivindica voz própria e dignidade para os habitantes das periferias das grandes cidades brasileiras.

SÉRGIO PINTO DE ALMEIDA
Sérgio Pinto de Almeida fez faculdade de jornalismo, um pouco de letras e um pouco mais de filosofia. Mas o primeiro mestre, mesmo, foi Samuel Wainer, no semanário Aqui, São Paulo. Vieram outros, assim como veio o Diário de S.Paulo, Diário da Noite, Folha, Estadão, Jornal da Tarde, Status, Veja S.Paulo, e muitos outros veículos, especialmente da chamada imprensa alternativa, como Canja, Retratos do Brasil etc. E veio também muito free lancer, muitos projetos especiais, um tanto de televisão, produtoras, apresentação de programas de rádio e algumas campanhas políticas. São mais de 30 anos de jornalismo. Colabora de vez em quando com Caros Amigos, faz textos para a ESPN Brasil, dá aula no jornalismo da PUC-SP e dirige a Editora Papagaio. É são-paulino há 53 anos.

GEORGES BOURDOUKAN
Georges Bourdoukan, nascido no Líbano, em Miniara-Akkar, veio para o Brasil com 10 anos. Em São Paulo, como jornalista trabalhou nos mais diversos meios de comunicação. Foi colunista de assuntos estudantis no jornal Última Hora (seria preso, junto com os estudantes, quando fazia a cobertura do congresso da UNE em Ibiúna, proibido pelo regime militar). Mais tarde foi para a revista Placar onde, para comprovar que os jogadores não gozavam de nenhum respeito por parte dos dirigentes, fez-se passar
por empresário e comprou meio time do Santos para um fictício time marroquino.O contrato de venda foi assinado (e reconhecido em cartório) pelo então vice-presidente do Santos F.C., um general que vendia jogadores “como se estivesse vendendo gado”( os jogadores não haviam sido consultados). Em 1974 foi pra TV Cultura de São Paulo (de onde saiu diretamente para os porões da violenta Oban, Operação Bandeirante(DOI-CODI), por ordem do governador por não aceitar retirar uma matéria que alertava a população sobre um surto de meningite). Depois foi para a Rede Globo de Televisão. Como responsável pelo núcleo paulista do programa Globo Repórter, desagradou profundamente os fabricantes de pesticidas, ao realizar uma série de matérias sobre os danos causados ao meio ambiente pelo uso de tais produtos. O programa foi extinto. Em 1983, sem jamais cansar de dar murro em ponta de faca, funda o Jornal Jerusalém, especializado em assuntos do Oriente Médio (acusa os sionistas de anti-semitas e, enquanto de um lado o então ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel, tenta incriminá-lo, de outro ganha o Prêmio Vladimir Herzog). Em 1984 passa a dirigir duas publicações, a Revista Palestina, órgão oficial da OLP no Brasil, e a Revista dos Estados Árabes, por meio das quais viaja ao Oriente Médio, cobrindo conflitos na região. Como professor universitário, abandonou a Universidade por entender que a Academia servia apenas para domesticar os alunos. Ultimamente, Georges Bourdoukan vem se dedicando à literatura
e ao seu blog no site da Caros Amigos. Também é autor de A Incrível e Fascinante História do Capitão Mouro, O Peregrino, Vozes do Deserto e O Apocalipse todos pela Editora Casa Amarela.

MARCOS ZIBORDI
Marcos Zibordi é formado em jornalismo pela Unesp e mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná com dissertação relacionando jornalismo alternativo e literatura marginal. Faz pesquisa de doutoramento na Universidade de São Paulo (USP) sobre a poesia do rap paulistano. É colaborador da Revista Sem Terra, do MST, repórter da Caros Amigos e professor da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), nos cursos de Jornalismo e Letras. Já foi correspondente no interior de São Paulo para o Jornal da Cidade, de Bauru; repórter de cultura da Gazeta do Povo, de Curitiba; e passou rapidamente pelo Almanaque Abril.

Inscrições: www.carosamigos.com.br

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Heil Álvaro!


Nos últimos dias o presidente colombiano Álvaro Uribe aparece freqüentemente em nossa mídia-engodo.
Desde o início das negociações com as FARCs, nossos “formadores de opinião” apelaram para a velha e conhecida tática do “Bem (Álvaro Uribe, óbvio) x Mal (Hugo Chárvez, mais óbvio ainda)”. Uma fórmula tacanha, utilizada desde os termpos antigos, passando pela Idade Média e que, ainda hoje faz a cabeça do senso-comum que lê a V*** e assiste o Jornal N******.
Sinceramente, me desanimo quando as pessoas apresentam estes argumentos prontos para acusar – ninguém faz análise, simplesmente acusa – o presidente de Hugo Chávez de falador, populista, fanfarrão etc. Mas melhor não reclamar, pois já melhorou. Afinal, após a derrota do governo venezuelano no Plebiscito não o acusam de ditador com tanta freqüência. Mas vale lembrar que enquanto as pesquisas davam vitória para o governo, os super analistas políticos acusavam Chávez de realizar uma “ditadura plebiscitária”. Poético, não?!
Pois bem, minha intenção neste caso não é defender o Chávez, mas divulgar uma biografia não autorizada do Ilustríssimo Presidente da República da Colômbia Álvaro Uribe: esse Messias fortemente apedrejado por Chávez tem uma história no mínimo interessante. Lendo esta biografia não-autorizada – com certeza porque o biógrafo mente, claro – deste senhor que manda em um dos países mais complexos politicamente do continente sul-americano.
O texto está em espanhol, mas creio que a leitura não seja muito complicada. Deliciem com esta fábula que é a vida de Álvaro Uribe Vélez.
Com vocês: Biografía no autorizada de Álvaro Uribe Vélez (El Señor de las Sombras) de Jorge Contreras!
Nota: mais um comunista assassinado na Colômbia na semana passada.Uribe, infelizmente, não conseguiu salvá-lo.



Link: http://www.resistir.info/colombia/biografia_auv.pdf
Fonte: www.resistir.info

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Soldado Israelense surpreende terrorista...

... de aproximadamente 5 anos de idade, pois o mesmo teve a ousadio de andar em sua própria terra: a Palestina.


Para saber mais sobre o que está acontecendo na Palestina, acesse o blog do Bourdoukan: blogdobourdoukan.blogspot.com

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Cantada – Ferreira Gullar


Você é mais bonita que uma bola prateada
de papel de cigarro
Você é mais bonita que uma poça dágua
límpida
num lugar escondido
Você é mais bonita que uma zebra
que um filhote de onça
que um Boeing 707 em pleno ar
Você é mais bonita que um jardim florido
em frente ao mar em Ipanema
Você é mais bonita que uma refinaria da Petrobrás
de noite
mais bonita que Ursula Andress
que o Palácio da Alvorada
mais bonita que a alvorada
que o mar azul-safira
da República Dominicana

Olha,
você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro
em maio
e quase tão bonita
quanto a Revolução Cubana

www.ferreiragullar.com.br

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Não basta louvar - por Oscar Niemeyer

Sempre fantástico!

Oscar Niemeyer: "Não basta louvar"

Hoje, lembrando os dias de folga que o fim de ano nos assegura, sinto que alguma coisa me foi possível realizar. Não tinha nenhum programa preestabelecido. O meu aniversário, uma semana antes, havia sido muito movimentado, e centenas de amigos me procuraram para me abraçar na casa das Canoas. O meu desejo era evitar tudo isso, e festejar um centenário me parecia pesado demais. Não que o passado me entristecesse, mas como me revolta lembrar as velhas amizades perdidas para sempre...

Como eu esperava, os amigos insistiram e acabei ficando o dia todo por lá, onde, sem festa nem música, atenderia os que aparecessem. E, passado tudo isso, foi no meu apartamento de Ipanema que me deixei ficar, um pouco cansado do que ocorrera, mas surpreso ao constatar que, como se tivesse estado no escritório, havia projetado o memorial de Prestes e lera dois livros extraordinários.
O primeiro é uma novela do poeta português Manuel Alegre, "Cão como Nós", que muito me comoveu. Uma história simples de um cachorro que acompanhou o seu narrador por muitos anos e que com ele se entendia tão bem que só faltava falar. É nessa procura de comunicação, de se compreenderem melhor, que o texto se desenvolve -em linguagem de qualidade literária tal que não raro pedia a Vera, minha mulher, para repetir trechos pelo prazer de os ouvir outra vez.
O outro livro, que recebi de presente do meu amigo Fernando Balbi, é uma coletânea de artigos de José Luís Fiori ("O Poder Global"), tão atualizados e esclarecedores que todo jovem brasileiro deveria conhecê-los. Fiori expõe sua posição progressista sobre as contradições do mundo globalizado e a onda neoconservadora que cresce por toda parte, com forte apoio do governo norte-americano.
Mas não foi só a leitura que me ocupou, mas principalmente o projeto que fiz do memorial de Luís Carlos Prestes, a ser construído no Sul do país. É, a meu ver, obra tão especial que vale a pena explicá-la um pouco.

Um trabalho que não se baseou, como de costume, num programa construtivo, mas na idéia de criar um elemento principal e único: uma parede que, cheia de curvas e retas inesperadas, atravessando em diagonal um retângulo de vidro do edifício (de lado a lado), possa lembrar aos visitantes as etapas fundamentais da vida desse grande brasileiro. A fachada simples e retilínea de vidro do edifício marcaria, com a parede interna tão movimentada, o contraste que a boa arquitetura procura muitas vezes exibir.
Junto da entrada, a parede com textos e imagens começa a mostrar aos visitantes os inícios da vida de Prestes, quando, oficial do Exército, era incumbido de acompanhar obras em construção no Rio Grande do Sul -aí surge, já com 26 anos, severo como sempre foi, Prestes a reclamar da maneira pouco correta com que os trabalhos estavam sendo desenvolvidos.
Não recebendo resposta às denúncias que fazia, foi pouco a pouco sentindo que uma solução burocrática a nada conduzia, mas que os problemas do país tinham de ser resolvidos por meio de uma revolução. E a Coluna Prestes apareceu naturalmente como a única maneira de enfrentar as questões políticas e sociais existentes.
Passo a passo, os visitantes vão tomando conhecimento dessa marcha extraordinária, da coragem desse grupo de patriotas a resistir por tanto tempo às forças repressivas. Logo em seguida, Prestes é obrigado a se exilar-na Bolívia e, depois, na Argentina, seguindo mais tarde para a União Soviética, quando, já sintonizado com o pensamento de Marx, dá à revolução um sentido mais amplo e universal.
A parede vai se escurecendo e, num ambiente mais fechado e sombrio, aparece o período da prisão, em que ele permanece nove anos incomunicável. E, como para agravar tanta tristeza, em 1936, sua mulher, Olga Benário, presa e grávida, é enviada criminosamente a um campo de concentração na Alemanha, onde seria morta numa câmara de gás em 1942; sua filha, Anita, após grande campanha internacional desencadeada pela mãe de Prestes, é afinal entregue à avó.
Quanta maldade! Impressionados com tanta violência, os visitantes param consternados; é a luta política com seus momentos de glória e horror. A guerra acabara. Vitoriosos, os soviéticos entram em Berlim. Um clima de otimismo se espalha. No Brasil, Prestes é anistiado, e o Partido Comunista Brasileiro conquista a legalidade. É a época dos grandes comícios, da campanha pela Constituinte.
A parede vermelha, que, de acordo com os acontecimentos, vai mudando de cor, escurece outra vez. Diante dela, comovidos, os visitantes constatam que o momento de euforia passara. Em 1947, o TSE cancela o registro do PCB e, a seguir, cassa os mandatos dos parlamentares comunistas – entre eles, Prestes. Era a reação anticomunista que recomeçava, implacável.
Prestes passa a atuar na clandestinidade. Com o golpe militar de 1964, seus direitos políticos são cassados. A história caminha para o fim.
Atentos, os visitantes seguem o relato emocionante. Começa um novo exílio, que se estende até 1979; de volta, apóia as Diretas-Já, solidarizando-se com a candidatura de Tancredo Neves. O tempo passa e, altivo e corajoso como sempre, vem a morrer em 1990; postumamente, Prestes é anistiado pelo Exército e promovido a coronel.
Como arquiteto, vejo, satisfeito, que meu projeto vai contribuir para manter viva a memória de Luís Carlos Prestes, um brasileiro que lutou em favor de seu povo, contra a miséria e a desigualdade social que, infelizmente, ainda persistem em nosso país.
Reli este texto e sinto que não basta louvar o passado. O importante é continuar essa luta por um mundo melhor que o império de Bush procura em vão obstruir.
Texto publicado na edição desta sexta-feira (11/1) da Folha de S.Paulo

Fonte: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=30873

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O paradoxo andante - por Eduardo Galeano



Cada dia, ao ler os diários, assisto a uma aula de história.

Os diários ensinam-me pelo que dizem e pelo que calam.

A história é um paradoxo andante. A contradição move-lhe as pernas. Talvez por isso os seus silêncios dizem mais que suas palavras e muitas vezes as suas palavras revelam, mentindo, a verdade.

Dentro em breve será publicado um livro meu chamado Espejos. É algo assim como um história universal, e desculpem o atrevimento. "Posso resistir a tudo, menos à tentação", dizia Oscar Wilde, e confesso que sucumbi à tentação de contar alguns episódios da aventura humana no mundo do ponto de vista dos que não saíram na foto.

Pode-se dizer que não se trata de factos muito conhecidos.

Aqui resumo alguns, apenas uns poucos.

Quando foram desalojados do Paraíso, Adão e Eva mudaram-se para África, não para Paris.

Algum tempo depois, quando seus filhos já se haviam lançado pelos caminhos do mundo, foi inventada a escrita. No Iraque, não no Texas.

Também a álgebra foi inventada no Iraque. Foi fundada por Mohamed al Jwarizmi , há mil e duzentos anos, e as palavras algoritmo e algarismo derivam do seu nome.

Os nomes costumam não coincidir com o que nomeiam. No British Museum, por exemplo, as esculturas do Partenon chamam-se "mármores de Elgin", mas são mármores de Fídias. Elgin era o nome do inglês que as vendeu ao museu.

As três novidades que tornaram possível o Renascimento europeu, a bússola, a pólvora e a imprensa, haviam sido inventadas pelos chineses, que também inventaram quase tudo o que a Europa reinventou.

Os hindús souberam antes de todos que a Terra era redonda e os maias haviam criado o calendário mais exacto de todos os tempos.

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Em 1493, o Vaticano presenteou a América à Espanha e obsequiou a África negra a Portugal, "para que as nações bárbaras sejam reduzidas à fé católica". Naquele tempo a América tinha quinze vezes mais habitantes que a Espanha e a África negra cem vezes mais que Portugal.

Tal como havia mandado o Papa, as nações bárbaras foram reduzidas. E muito.

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Tenochtitlán, o centro do império azteca, era de água. Hernán Cortés demoliu a cidade pedra por pedra e, com os escombros, tapou os canais por onde navegavam duzentas mil canoas. Esta foi a primeira guerra da água na América. Agora Tenochtitlán chama-se México DF. Por onde corria a agua, agora correm os automóveis.

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O monumento mais alto da Argentina foi erguido em homenagem ao general Roca, que no século XIX exterminou os índios da Patagónia.

A avenida mais longa do Uruguai tem o nome do general Rivera, que no século XIX exterminou os últimos índios charruas.

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John Locke, o filósofo da liberdade, era accionista da Royal Africa Company , que comprava e vendia escravos.

No momento em que nascia o século XVIII, o primeiro dos bourbons, Felipe V, estreou o seu trono assinando um contrato com o seu primo, o rei da França, para que a Compagnie de Guinée vendesse negros na América. Cada monarca ficava com 25 por cento dos lucros.



Nomes de alguns navios negreiros: Voltaire, Rousseau, Jesus, Esperança, Igualdade, Amizade.

Dois do Pais Fundadores dos Estados Unidos desvaneceram-se na névoa da história oficial. Ninguém se recorda de Robert Carter nem de Gouverner Morris . A amnésia recompensou os seus actos. Carter foi a única personalidade eminente da independência que libertou seus escravos. Morris, redactor da Constituição, opôs-se à cláusula estabelecendo que um escravo equivalia às três quintas partes de uma pessoa.

"O nascimento de uma nação" , a primeira super-produção de Hollywood, foi estreado em 1915, na Casa Branca. O presidente, Woodrow Wilson, aplaudiu-a de pé. Ele era o autor dos textos do filme, um hino racista de louvação à Ku Klux Klan.

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Algumas datas:

Desde o ano 1234, e durante os sete séculos seguintes, a Igreja Católica proibiu que as mulheres cantassem nos templos. As suas vozes eram impuras, devido àquele caso da Eva e do pecado original.

No ano de 1783, o rei da Espanha decretou que não eram desonrosos os trabalhos manuais, os chamados "ofícios vis", que até então implicavam a perda da fidalguia.

Até o ano de 1986 foi legal o castigo das crianças, nas escolas da Inglaterra, com correias, varas e porretes.

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Em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade, em 1793 a Revolução Francesa proclamou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. A militante revolucionária Olympia de Gouges propôe então a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã . A guilhotina cortou-lhe a cabeça.

Meio século depois, outros governo revolucionário, durante a Primeira Comuna de Paris, proclamou o sufrágio universal. Ao mesmo tempo, negou o direito de voto às mulheres, por unanimidade menos um: 899 votos conta, um a favor.

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A imperatriz cristã Teodora nunca disse ser uma revolucionária, nem nada que se parecesse. Mas há mil e quinhentos anos o império bizantino foi, graças a ela, o primeiro lugar do mundo onde o aborto e o divórcio foram direitos das mulheres.

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O general Ulisses Grant , vencedor da guerra do Norte industrial contra o Sul escravocrata, foi a seguir presidente dos Estados Unidos.

Em 1875, respondendo às pressões britânicas, respondeu:

–Dentro de duzentos anos, quando tivermos obtido do proteccionismo tudo o que ele nos pode proporcionar, também nós adoptaremos a liberdade de comércio.

Assim, pois, nos de 2075, o país mais proteccionista do mundo adoptará a liberdade de comércio.

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"Botinzito" foi o primeiro cão pequinês que chegou à Europa.

Viajou para Londres em 1860. Os ingleses batizaram-no assim porque era parte do botim extorquido à China no fim das longas guerras do ópio .

Vitória, a rainha narcotraficante, havia imposto o ópio a tiros de canhão. A China foi convertida num país de drogados, em nome da liberdade, a liberdade de comércio.


Em nome da liberdade, a liberdade de comércio, o Paraguai foi aniquilado em 1870. Ao cabo de uma guerra de cinco anos, este país, o único das Américas que não devia um centavo a ninguém, inaugurou a sua dívida externa. Às suas ruínas fumegantes chegou, vindo de Londres, o primeiro empréstimo. Foi destinado a pagar uma enorme indemnização ao Brasil, Argentina e Uruguai. O país assassinado pagou aos países assassinos, pelo trabalho que haviam tido a assassiná-lo.

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O Haiti também pagou uma enorme indemnização. Desde que, em 1804, conquistou a sua independência, a nova nação arrasada teve que pagar à França uma fortuna, durante um século e meio, para espiar o pecado da sua liberdade.

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As grandes empresas têm direitos humanos nos Estados Unidos. Em 1886, a Suprema Corte de Justiça estendeu o direitos humanos às corporações privadas, e assim continua a ser.

Poucos anos depois, em defesa dos direitos humanos das suas empresas, os Estados Unidos invadiram dez países, em diversos mares do mundo.

Mark Twain, dirigente da Liga Anti-imperialista, propôs então uma nova bandeira, com caveirinhas em lugar de estrelas. E outro escritor, Ambroce Bierce, confirmou:

–A guerra é o caminho escolhido por Deus para nos ensinar geografia.

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Os campos de concentração nasceram na África. Os ingleses iniciaram o experimento, e os alemães desenvolveram-no. Depois disso Hermann Göring aplicou na Alemanha o modelo que o seu papa havia ensaiado, em 1904, na Namíbia. Os professores de Joseph Mengele haviam estudado, no campo de concentração da Namíbia, a anatomia das raças inferiores. As cobaias eram todas negras.

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Em 1936, o Comité Olímpico Internacional não tolerava insolências. Nas Olimpíadas de 1936, organizadas por Hitler, a selecção de futebol do Peru derrotou por 4 a 2 a selecção da Áustria, o país natal do Führer. O Comité Olímpico anulou a partida.

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A Hitler não lhe faltaram amigos. A Rockefeller Foundation financiou investigações raciais e racistas da medicina nazi. A Coca-Cola inventou a Fanta, em plena guerra, para o mercado alemão. A IBM tornou possível a identificação e classificação dos judeus, e essa foi a primeira façanha em grande escala do sistema de cartões perfurados.
(...)

O original encontra-se em http://www.pagina12.com.ar/diario/sociedad/3-96843-2007-12-30.html

Este excerto encontra-se em http://resistir.info/ .

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

20 anos sem Henfil... TOP TOP TOP! pra nós



20 anos sem o maior cartunista da nossa história. TOP TOP TOP pra nós que ficamos sem eles e, principalmente os jovens (como eu...hehehehe) que não tiveram oportunidade de conviver o mesmo tempo racional deste grande artista inconformado.



Quantas pessoas continuam enchendo o saco que (infelizmente) não foram enterradas no cemitério do Cabôco Mamadô, hein?
Henfil faz falta, muita falta...
Saudações,
Paulo

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Feliz 2008


Olá,

Estou voltando a postar e espero dar continuidade este ano.
Espero que este ano a retórica do senso comum comece a sair um pouco do "eu" para partir para o "nós".
(mão esquerda do Memorial - mais uma obra do gênio centenário Oscar Niemeyer)

Saudações,

Paulo

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Intelectuais apolíticos


Intelectuais apolíticos
por Otto Rene Castillo [*]

Um dia,

os intelectuais
apolíticos
do meu país
serão interrogados
pelo homem
simples
do nosso povo

Serão perguntados
sobre o que fizeram
quando
a pátria se apagava
lentamente,
como uma fogueira frágil,
pequena e só.

Não serão interrogados
sobre os seus trajes,
nem acerca das suas longas
siestas
após o almoço,
tão pouco sobre os seus estéreis
combates com o nada,
nem sobre sua ontológica
maneira
de chegar às moedas.
Ninguém os interrogará
acerca da mitologia grega,
nem sobre o asco
que sentiram de si,
quando alguém, no seu fundo,
dispunha-se a morrer covardemente.
Ninguém lhes perguntará
sobre suas justificações
absurdas,
crescidas à sombra
de uma mentira rotunda.
Nesse dia virão
os homens simples.
Os que nunca couberam
nos livros e versos
dos intelectuais apolíticos,
mas que vinham todos os dias
trazer-lhes o leite e o pão,
os ovos e as tortilhas,
os que costuravam a roupa,
os que manejavam os carros,
cuidavam dos seus cães e jardins,
e para eles trabalhavam,
e perguntarão,
"Que fizestes quando os pobres
sofriam e neles se queimava,
gravemente, a ternura e a vida?"

Intelectuais apolíticos
do meu doce país,
nada podereis responder.

Um abutre de silêncio vos devorará
as entranhas.
Vos roerá a alma
vossa própria miséria.
E calareis,
envergonhados de vós próprios.


[*] Revolucionário guatemalteco (1936-1967), guerrilheiro e poeta. A seguir ao golpe de 1954 patrocinado pela CIA, que derrubou o governo democrático de Jacobo Arbenz , Castillo teve de exilar-se em El Salvador. Voltou à Guatemala em 1964, onde militou no Partido dos Trabalhadores, fundou o Teatro Experimental e escreveu numerosos poemas. No mesmo ano foi preso mas conseguiu fugir. Regressou ao exílio, desta vez na Europa. Posteriormente retornou secretamente à Guatemala e incorporou-se a um dos movimentos guerrilheiros que operavam nas montanhas de Zacapa. Em 1967, Castillo e outros combatentes revolucionários foram capturados. Ele, juntamente com camaradas seus e camponeses locais, foram brutalmente torturados e a seguir queimados vivos.

Este poema encontra-se em http://resistir.info/

sábado, 27 de outubro de 2007

Debate de lançamento de "Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo" de Vladimir Ilich Ulianov - LÊNIN


Convido a todos os camaradas pra esse super debate com lançamento dessa nova edição do livro do Lênin, que inclui ainda a biografia dele feita por Trotsky.
TODO PODER AOS SOVIETS!!!

Lançamento do livro Capitalismo, Fase Superior do Capitalismo - de Lênin
Data: 30/10 - terça-feira, a partir das 19h - horário de verão de Brasília
Local: FESPSP - Fundação Escola de Sociologia e Política
Rua General Jardim, 522 - Vila Buarque - São Paulo - SP
Próximo ao Metrô República ou Santa Cecília
Tel.: (11) 3123-7800 / 3255-2001
Debatedores:
Marcos Sokol - Economista
Roseli Coelho - Doutora em Filosofia, professora da Escola e coordenadora do evento.

Conto com a presença de vocês.

Beijos e abraços,

Paulo

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Extra! Extra! Eleições no inferno... Extra!


Eu não acredito nisso! Cuba tem eleições! Mas como!? O diabo do Fidel Castro não é o ditador que não deixa o povo escolher nada!? Agora vem com esse papo de que mais de 95% dos cidadãos aptos!!! Não, não e não! Cuba tem que ser ditadura... senão eu choro...rs
Pra quem só acusa de ditadura, está aí uma chance de refletir um pouco sobre. Até porque eles votam também se são a favor ou contra o regime.
A saber:
- Duração de 30 meses do mandato;
- Nenhum representante recebe salário;
- Qualquer representante pode ser deposto do cargo mediante reunião do comitê do bairro com voto aberto.

Beijos e abraços,

Paulo

PS: Não saiu na V***, nem na F****, nem na G**** com o Wi***** Wa** dando a notícia com seu "belo sorriso democrático".

Fonte: http://www.granma.cu/portugues/2007/octubre/mar23/43voto.html

Votaram 95,4% dos eleitores

• Foram às urnas 8.174.350 cidadãos para eleger os vereadores do Poder Popular, segundo dados preliminares

MAIS de 8.174.350 cubanos votaram no domingo, dia 21, para eleger os vereadores, cifra que representa 95,44% dos eleitores.

Em entrevista coletiva no fechamento desta edição, a presidenta da Comissão Eleitoral Nacional, María Esther Reus, disse que esses números preliminares podem crescer. Acrescentou que no domingo, 28, haverá um segundo turno em 2.971 circunscrições, nas quais nenhum dos candidatos conseguiu mais de 50% estabelecido.

Manifestou que desta vez foram eleitos como vereadores 12.265 cidadãos; deles, 3.288 são mulheres, isto é, 26,81%; 2.053 são jhovens, ou seja, 16,74%, enquanto 5.776 foram reeleitos, 47,09% dos atuais representantes da cidadania nos órgãos locais de governo.

Também a ministra da Justiça qualificou as eleições em Cuba como um sucesso de massa, devido à participação entusiástica e ativa da população. Salientou também o nível de preparação e de asseguração de todo o processo.

Inclusive, nas províncias orientais, assinalou, onde as chuvas intensas prejudicaram recentemente as comunicações e as vias de acesso, as eleições fluíram com agilidade e qualidade graças à busca de variantes ou alternativas perante esses desafios.

Reus explicou que em breve seriam oferecidos os resultados finais deste primeiro turno, pois nesse momento estavam sendo confrontados com os registros oficial, público e computadorizado de eleitores.

Em nome da Comissão Eleitoral Nacional, transmitiu um reconhecimento a todo o povo; às 190 mil pessoas designadas como autoridades eleitorais e àqueles que apoiaram todas as instâncias e que com seu esforço garantiram que mais uma vez as eleições em Cuba se efetuassem com transparência e democracia.

Ao ser perguntada por jornalistas estrangeiros, María Esther Reus respondeu que uma terceira parte dos candidatos propostos pelas massas para vereadores não são militantes do Partido Comunista de Cuba, pois esse não é um quesito exigido para ser postulado.

Inclusive, esclareceu, também não se leva em conta aqueles que são líderes religiosos, pois todo cubano ou cubana, sem distinção de crença, pode ser eleito vereador.

Assinalou, ademais, que a data para a eleição dos governadores e dos deputados do Parlamento será informada oportunamente.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

LUTO - Mais um sem-terra assassinado por capangas de fazendeiros

Luto.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14685

VIOLÊNCIA NO CAMPO

Militante da Via Campesina é assassinado no PR
Um grupo de aproximadamente 40 homens armados atirou em integrantes da Via Campesina, domingo à tarde, logo após ação de reocupação de um campo de experimentos com sementes transgênicas da empresa Syngenta, no oeste do Paraná. Vilmar Mota foi morto com dois tiros no peito.

Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior

PORTO ALEGRE - Valmir Mota, militante da Via Campesina, foi assassinado com dois tiros no peito, ontem à tarde, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná. Segundo a Via Campesina, Valmir foi executado por um grupo de cerca de 40 pistoleiros no acampamento do campo de experimentos da empresa multinacional Syngenta Seeds. Outros seis integrantes da Via Campesina ficaram gravemente feridos. Fábio Ferreira, que integrava o grupo de seguranças armados, também morreu. Entre os feridos o caso mais grave é o de Izabel Nascimento de Souza, que está em coma e corre risco de morte.A ação dos pistoleiros ocorreu depois que cerca de 150 integrantes do movimento reocuparam o campo de experimentos da empresa para denunciar o cultivo ilegal de sementes transgênicas de soja e milho. Conforme o relato da Via Campesina, por volta das 13h30min, cerca de 40 homens fortemente armados chegaram, em um micro-ônibus, ao portão da entrada da área e desceram atirando nos manifestantes.Além de Valmir, atingido com dois tiros, outros cinco agricultores foram baleados e Isabel Nascimento de Souza foi espancada. Ainda segundo a Via Campesina, a Syngenta contratou serviços de segurança que atuavam de forma irregular na região, articulados com a Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e com o Movimento dos Produtores Rurais (MPR).Uma das diretoras da empresa de segurança NF foi presa no início de outubro e o proprietário da mesma fugiu durante uma operação da Polícia Federal que apreendeu munições e armas ilegais. Segundo a organização de trabalhadores rurais, há indícios de que a empresa é contratada como fachada, para encobrir a ação de pistoleiros que formariam uma milícia armada que atua praticando despejos violentos e ataques a acampamentos na região.No dia 18 de outubro, a atuação de milícias armadas ligadas à SRO/MPR e Syngenta na região Oeste do Paraná foi denunciada durante uma audiência pública coordenada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal dos Deputados (CDHM), em Curitiba. Agora, a Via Campesina cobra da justiça a apuração do ataque, contra os trabalhadores do acampamento, que juntamente com o assentamento Olga Benário lutam para transformar a área num Centro de Agroecologia e de reprodução de sementes crioulas para a agricultura familiar e reforma agrária.O campo de experimentos da Syngenta foi ocupado pela primeira vez, em março de 2006, para denunciar o cultivo ilegal de sementes transgênicas. Após 16 meses de ocupação, no dia 18 de julho deste ano, as 70 famílias que participaram da ação desocuparam a área e foram para um local provisório no assentamento Olga Benário, também em Santa Tereza do Oeste.Sete homens já foram presosA Secretaria de Segurança do Paraná informou que sete homens que atacaram os agricultores já foram presos e disseram que foram contratados pelo Movimento dos Produtores Rurais para retirar pessoas que tentassem invadir a área. Eles foram autuados por formação de quadrilha, homicídio e exercício arbitrário das próprias razões. Após o confronto, os seguranças teriam fugido a pé e acabaram sendo encontrados e presos num barracão abandonado a cerca de seis quilômetros da fazenda da Syngenta. O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), determinou que a polícia fique de prontidão nas imediações da área para evitar novos conflitos.Em nota oficial, a Syngenta disse que “lamenta profundamente o incidente ocorrido durante nova invasão” e promete colaborar com as autoridades locais na apuração do que ocorreu. Ainda é prematuro fazer uma avaliação definitiva sobre o ocorrido, acrescenta a nota que assegura que a “a política global da companhia determina que não se use força ou armas para proteger suas unidades”.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Morreu Paulo Autran

Olá camaradas,

Após afastamento por contusão, volto às postagens. Essa é uma homenagem - um pouco atrasada - com versos triviais para Paulo Autran falecido no dia das criaças e de Vossa Senhora de Aparecida.

Beijos e abraços,

Paulo

Morreu Paulo Autran (1922-2007)

Morreu Paulo Autran
O Senhor dos palcos
O ator dos atores
A divina interpretação do real
O real intérprete da orgia
divina-pagã-teatral

Morreu Paulo Autran
Pobres mortais
os que não o assistiram
Mais pobres ainda
são os que não o aplaudiram

Morreu Paulo Autran
Mas se os deuses são imortais
por que Paulo Autran morreu?
Talvez seja essa
a grande contradição
esse deus era ateu

Evoé

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Estamos vivendo um momento medíocre? - 2ª parte


E aí cambada,


Abaixo a opinião da psicóloga Cecília Coimbra sobre o momento em que vivemos. Porém, aproveito pra falar pro povo largar de ser tonto e ficar comprando a merda da V*** com a capa do Che pra ficar passando nervoso e comprar as revistas progressistas como a Caros Amigos, Le Monde Diplomatique, Fórum etc. Os Civitas não precisam de $$$ pois já têm mais de 1 milhão de reaças que dão grana pra eles só através da V***. Já as progressistas quando batem recorde é de 15 mil exemplares vendidos. Sem contar que o governo federal ao invés de democratizar a mídia, fica enfiando $$$$$$$$$$$$$$$ no rabo da mídia gorda - e acha que eles vão deixar de tentar dar o golpe! tsc, tsc, tsc...

Quer ler essa porcaria e passar raiva ou dar risada da patetice é só ir a um consultório de dentista.


Até!





CECÍLIA COIMBRA, psicóloga


“A realidade está o tempo todo sendo produzida”


Na minha tese de doutorado Guardiães da Ordem – Uma viagem pelas práticas psi no Brasil do milagre, acabei dizendo que os psicólogos eram os guardiães da ordem. Vou juntar psicologia com história. E uma das características é a questão da intimização e da privatização. A psicologia acredita, hegemonicamente, que o sujeito tem uma essência, uma natureza; e que o psicólogo, especialista no ser humano, vai conseguir entrar e procurar uma verdade que está no interior do sujeito, o que é esse sujeito. Uma das características da psicologia é essa valorização do privado, do que está dentro do sujeito. Com meus conhecimentos vou dizer o que ele é e o que deve ser. O que será melhor pra ele.
E aí, o que é o modelo de família ajustada, de filho, mãe, pai. Vejo esse sujeito de forma abstrata, sem ser produzido pela história; e na história, sem ser atravessado por múltiplas forças em cima do contexto no qual está inserido. Esses modelos são os que a psicologia segue, sem nenhuma visão crítica de que está fortalecendo modelos que interessam à sociedade capitalista.
O segundo ponto, o familiarismo. No máximo me interessa minha família. Com isso desqualifico os espaços públicos. Eu me isolo deles. Isso é forte durante a ditadura militar, e ainda é forte essa concepção de que, no máximo, vou entender as relações que tenho com minha família. Tudo fica norteado ao interior do sujeito e à sua família.
As três características que a psicologia tinha muito fortes durante sua expansão no Brasil (intimização, familiarismo e psicologização de tudo) estão ainda hoje muito presentes nas práticas dos psicólogos. E essas questões não são pensadas. Alguns colegas, psicólogos, diziam “ué, vai fazer o estágio da Cecília?”, que era o estágio no Juizado da Infância e Juventude. “Mas aquilo não é psicologia, é política.” Esse argumento ainda está presente, no sentido de você desqualificar determinada prática, e tenta apontar que sua prática profissional não é neutra, não é objetiva. É uma prática o tempo todo política.
Esse positivismo, essa coisa do Descartes, do próprio Augusto Comte, ainda está presente na prática e no pensamento do psicólogo. Ele se acha um especialista, sim, que vai olhar objetivamente o sujeito e a realidade e dizer o que ele é e o que deverá ser pra ser um cidadão sadio, digamos. Nós somos muitas coisas. Você empobrece o indivíduo e o mundo quando diz “vou conseguir apreender objetivamente este mundo, este sujeito”. É impossível. Isto não existe. O tempo todo estamos produzindo realidade, principalmente os meios de comunicação de massa. Eles produzem a realidade. Não existe uma realidade em si, que tenha uma essência, uma natureza. A realidade está o tempo todo sendo produzida, como eu enquanto indivíduo estou sendo produzido o tempo todo. Eu sou produtor e produzido ao mesmo tempo. Produto e produtor.
Hoje a gente vê a questão da moral punitiva. As pessoas esquecem que a gente vive num contexto capitalista onde o que Foucault chama de biopoder, o poder sobre a vida, se impõe o tempo todo, e a sociedade de controle se impõe o tempo todo. Eu não preciso estar na prisão, na escola, como falava Foucault em termos da sociedade disciplinar. Hoje estou sendo controlada em espaços abertos. E o que mais produz subjetividades? Formas de perceber e agir no mundo? De existir e viver no mundo? São os meios de comunicação de massa. Que pregam toda uma lógica moral, punitiva e individualista.E o que a gente quer é punição, mais punição, como se fosse resolver. Onde abre mais concurso hoje para psicólogo é no Poder Judiciário. Vivemos numa sociedade de controle, numa política de tolerância zero, onde o Estado penal se maximiza, onde tem que ter psicólogo, pedagogo, assistente social. Para ocupar essa máquina penal que está se espalhando.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Estamos vivendo um momento medíocre?


Estamos vivendo um momento medíocre?

A partir do Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, o Cansei, fomos ouvir personalidades pensantes a fim de encontrar algumas idéias sobre o momento nacional. Abaixo seis depoimentos exclusivos do só no site ( http://www.carosamigos.com.br/ ), por Flora Bonatto, Natália Mendes, Vinícius Souto e Marcelo Salles (Rio de Janeiro).

(ilustração: leitor assíduo da Veja)

MÁRIO SÉRGIO CORTELLA, filósofo e educador
“É uma vida miojo, que não tem processo, não tem avanço e não tem muito sabor, mas é prática”
Medíocre não é idiota, medíocre não é imbecil, medíocre do ponto de vista filosófico é aquele que está na média, aquele que fica no meio. Aliás, a origem da palavra é exatamente essa. A mediocridade é aquele que não é quente nem frio. Tem um livro da Bíblia cristã chamado Apocalipse, em que a Divindade diz: “Porque não és quente nem frio, porque tu és morno, hei de vomitar-te”. O Brasil vive em várias áreas, não são todas, uma certa síndrome de mediocridade. Isso é uma lógica da aceitação do possível, esquecendo que o possível é exatamente um acostumar-se, ou repousar na mediocridade. A mediocridade é uma satisfação com as coisas tais quais elas estão. Do ponto de vista econômico, nós estamos conformados a um modelo financeiro.
Você tem religiões, nos últimos tempos, que caminharam na direção de romper com a mediocridade, isto é, com a conformidade, com o apaziguamento forçado, com a paz do cemitério, ou até com a letargia, e que caminhavam no trabalho social, no envolvimento com as pessoas, fazendo aquilo que Leonardo Boff, de uma maneira brilhante, sintetiza dizendo que a gente precisa juntar o pai nosso com o pão nosso. No evangelho de João, no capítulo X, versículo 10, Jesus disse uma frase que é a ruptura da mediocridade, “Quero que tenhais vida e vida em abundância”. A vida em abundância é a ruptura da mediocridade da vida, não é mini-vida, sub-vida, nano-vida, menos vida, é vida abundante; e a vida abundante é aquela que ela carrega uma sexualidade saudável, uma religiosidade livre, uma amorosidade sincera, uma solidariedade contínua, uma fraternidade honesta. É aquela que carrega a sensibilidade de existir. Há religiões que caminham na direção de vida em abundância pra todos e todas. Pessoas fazem trabalho nessa direção, mas há outras práticas religiosas, seja dentro do cristianismo, nas suas múltiplas formas, seja ele o católico, o reformado, o neopentecostal, que fazem um trabalho de alienação, que fazem um trabalho que a gente chama às vezes de teologia da prosperidade, isto é do recurso imediato, ganhar de Deus os favores necessários nessa questão. E, portanto, essa teologia da prosperidade, ela implica em se negociar com a divindade, e eu ofereço agora ao pastor, ou à pastora aquilo que ele pede, que é bem material, dinheiro e aí Deus em troca me dá vida boa, isso é medíocre, é uma religiosidade negociada.
A mediocridade é apenas o gotejar da vida no dia-a-dia, com pequenas demonstrações, às vezes, de vitalidade. E isso atinge muita gente, porque falta utopia. Falta a noção de um futuro a ser construído e que seja melhor, afinal de contas têm feito algo cruel com as gerações que vêm, que é se fazer um saque antecipado do futuro, estamos tirando o futuro, dizendo aos jovens: não haverá meio ambiente, não haverá trabalho, não haverá segurança. E estamos dizendo a eles: você não tem passado, eu tive história, eu tive infância; e estamos dizendo a ele: você não tem presente, isso que você come não é comida, é porcaria, isso que você ouve não é música, é barulho. Está se dizendo às novas gerações que elas não têm história, e quem não tem história a ele só resta uma possibilidade, viver o presente até o esgotamento. Por isso, essa vida ansiada e essa sofreguidão pra existir, cada balada é como se fosse a última, cada viagem é como se fosse a última. Ou seja, perde-se a noção de processo e de história, e a ausência dessa visão de história leva a querer existir aqui e agora, de maneira instantânea. É uma vida miojo, que não tem processo, não tem avanço e não tem muito sabor também, mas é prático.
O Papa atual é uma pessoa conservadora. Em vários momentos manifestou posturas que são reacionárias, isto é voltar a elementos do século 18 ou 19. Ele jamais pode ser colocado como uma pessoa medíocre. Ele defende as idéias que carrega, ele anota, escreve, discute, posiciona. Posso dizer, não gosto de muitas das coisas que ele pensa, eu, Cortella, como de fato não o faço, não concordo, mas tenho de reconhecer nele uma mente teológica que não beira nem de longe a mediocridade. Posso dizer que beira a incompreensão, beira, às vezes, o sectarismo, em algumas situações, beira o conservadorismo, mas a mediocridade jamais. Se fosse um Papa medíocre, ficaria mais fácil inclusive enfrentá-lo naquilo que não se concorda com as idéias que ele levanta. Sou uma pessoa extremamente religiosa na minha trajetória. Se você me pergunta se freqüento cultos, não freqüento; se sou religioso, profundamente religioso.